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Médica de Oftalmologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra na área da oftalmologia e estrabismo; responsável pelo rastreio de retinopatia da prematuridade na Maternidade Bissaia Barreto. Pertence à equipa multidisciplinar do centro de referência de retinoblastomas e à equipa de coordenação do Rastreio de Saúde Visual Infantil da região centro.
O seu filho já fez o rastreio visual? Com o ano letivo já arrancado, é fundamental que as crianças se sintam e se mantenham confiantes na escola.
Se ainda não o levou a fazer um rastreio, está na hora de o fazer. Só assim se conseguem verificar dificuldades que podem influenciar o desenvolvimento da criança e do jovem. A oftalmologista pediátrica Madalena Monteiro explica em que situações se devem fazer os rastreios, quais os sinais a que devemos estar atentos e as consequências das patologias não diagnosticadas.
Nas crianças, o primeiro rastreio oftalmológico deve ser realizado por volta dos 3 anos de idade, sem nunca esquecer que o primeiro rastreio é feito pelo pediatra, ainda na maternidade e logo após o nascimento, em que se pesquisa o reflexo vermelho do fundo.
É aconselhável realizar um rastreio com 1 ano de idade, aos 3 e depois aos 5-6 anos, antes de entrar na escola. A partir do momento em que entram na escola primária, as crianças já se sabem queixar e os pais e os professores já dão mais facilmente conta de pequenas dificuldades, pelo que a consulta deverá ser marcada caso haja alguma queixa.
Ao realizar uma consulta oftalmológica no início do ano letivo estão a evitar-se problemas durante o ano
Deverão ser avaliados sempre que houver queixas. O rastreio é uma consulta para pesquisa de alterações. As crianças com patologias já diagnosticadas devem fazer a vigilância segundo o que o oftalmologista aconselhe de acordo com a patologia que apresentem.
Ao realizar uma consulta oftalmológica no início do ano letivo estão a evitar-se problemas durante o ano e a prevenir possíveis interferências no processo de aprendizagem.
Sim. Grande parte dos erros refrativos nas crianças pequenas é diagnosticada nos rastreios, uma vez que as crianças ainda não se queixam.
Portugal está melhor do que muitos outros países europeus em que não há rastreios nacionais institucionalizados.
Já está implantado em Portugal, desde o ano passado, um rastreio oftalmológico nacional, pelo que todas as crianças são rastreadas aos 2 e, posteriormente, aos 4 anos de idade. Estes rastreios são realizados nos centros de saúde, por enfermeiros treinados, e avaliados nos hospitais, por oftalmologistas pediátricos. Neste momento, Portugal está melhor do que muitos outros países europeus em que não há rastreios nacionais institucionalizados.
Felizmente, há cada vez uma maior percentagem de crianças com o diagnóstico de patologias oftálmicas detetado, cada vez mais cedo, fruto do melhor e maior acesso a serviços de saúde, mais informação e ao início do rastreio nacional.
Nos recém-nascidos e crianças mais pequenas, devem ser despistadas opacificações dos meios e leucocórias (reflexo branco da pupila). Em crianças a partir de 1 ano de idade, devem ser pesquisados, além destas, os erros refrativos (hipermetropias, miopias e astigmatismos), as anisometropias (diferença refrativa entre os dois olhos) e o estrabismo.
Uma dificuldade visual pode levar a um atraso no desenvolvimento da criança, quer a nível cognitivo, motor ou social.
Uma dificuldade visual pode levar a um atraso no desenvolvimento da criança, quer a nível cognitivo, motor ou social. A criança que vê mal demora mais tempo a aprender, a andar e a correr, a descer escadas. Já na escola, tem mais dificuldade em fazer os trabalhos, pelo que se desinteressa facilmente pela pintura ou por grafismos, com repercussão mais tarde na leitura. Pode também dificultar a interação com os seus pares.
Pode levar ao desenvolvimento de uma ambliopia, que é basicamente a ausência de desenvolvimento da visão não recuperada por óculos ou cirurgia. A visão desenvolve-se nos primeiros oito anos de vida, em que os primeiros quatro são mais críticos. Se existe alguma patologia que dificulte a formação nítida das imagens na retina de um ou ambos os olhos, a visão não se desenvolve e surge a chamada ambliopia. Após os 7-8 anos, esta situação não é recuperável. A criança terá uma baixa de visão de um ou eventualmente ambos os olhos para o resto da vida, com repercussão sobre a aprendizagem e a interação social.
Devem fazer o rastreio aos 2 e 4 anos conforme institucionalizado a nível nacional e um outro ao entrar na escola primária. Se houver patologias oftálmicas na família, as crianças devem ser vistas precocemente por um oftalmologista, que depois indicará qual a periodicidade das consultas seguintes.
Lacrimejo, fotofobia, reflexo esbranquiçado da pupila, perda de equilíbrio e dificuldades de medir distâncias e aparente défice de visão.
As lentes das crianças devem ser leves e finas, com boa qualidade ótica, resistentes aos riscos e com proteção contra os UV.